Unidades De Alimentação E Nutrição

Unidades De Alimentação E Nutrição

 


No Brasil, estima-se que de cada cinco refeições, uma é feita fora de casa. Esse número indica um grande potencial no aumento e desenvolvimento dos estabelecimentos que produzem alimentos para consumo imediato no país.


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

A ciência da Nutrição e a Gastronomia evoluíram e se tornaram interdependentes caminhando junto com a História da Alimentação, e ainda, só podem existir graças a ela. A alimentação é fator primordial na rotina diária dos indivíduos, não apenas por ser necessidade básica, mas principalmente porque a sua obtenção tornou-se um problema de saúde pública, uma vez que o excesso ou falta da mesma podem causar doenças (CARNEIRO, 2004).

Com o crescimento profissional, especializações e falta de tempo, cada vez mais pessoas realizam as suas refeições fora de casa. No Brasil, estima-se que, de cada cinco refeições, uma é feita fora de casa. Esse número indica um grande potencial no aumento e desenvolvimento dos estabelecimentos que produzem alimentos para consumo imediato no país. Estes estabelecimentos, fornecedores de alimentos prontos, incluem as Unidades de Alimentação e Nutrição (UAN) de porte e tipos de organização diferentes entre si, como restaurantes comerciais, restaurantes de hotéis, serviços de motéis, coffee shops, buffets, lanchonetes, cozinhas industriais, fast food, catering, panificadoras e confeitarias e cozinhas hospitalares (ABERC, 2002, BRASIL, 2004).

Contudo, com o crescimento do mercado de alimentação cria-se a necessidade da especialização em busca de um diferencial competitivo nas empresas por meio da melhoria da qualidade dos produtos e serviços oferecidos, para que esse diferencial determine quais permanecerão no mercado sendo esta a mais moderna meta no atendimento aos consumidores, a tão almejada “Qualidade Total” (ARAÚJO e CARDOSO, 2002). Desta forma explica-se a qualidade como um conceito variável alcançado à medida que um determinado produto satisfaz o cliente. O controle de qualidade é a manutenção dos produtos e serviços dentro dos níveis de tolerância aceitáveis para o consumidor ou comprador. Desse modo, para avaliar a qualidade de um produto alimentar, deve ser mensurado o grau em que o produto satisfaz os requisitos específicos, sendo que esses níveis de tolerância e requisitos se expressam por meio de normas, padrões e especificações (CAVALLI e SALAY, 2001).

Em relação às unidades de alimentação e nutrição (UAN), a qualidade está associada a aspectos intrínsecos do alimento (qualidade nutricional e sensorial), à segurança (qualidades higiênico-sanitárias), ao atendimento (relação cliente-fornecedor), e ao preço (ABERC, 2002). Um dos principais objetivos da UAN, além de fornecer uma alimentação equilibrada no ponto de vista nutritivo, é o de oferecer refeições seguras no ponto de vista higiênico sanitário, visto que, baseados em dados epidemiológicos, as unidades produtoras de alimentos são um dos principais locais onde ocorrem surtos de doenças transmitidas por alimentos (DTAs) (CAVALLI e SALAY, 2001).

Portanto, se pode afirmar que a atuação do Economista Doméstico em UAN não se resume em alimentar o cliente, mas garantir a qualidade e a segurança do alimento do ponto de vista higiênico-sanitário, não apresentando contaminação, para tal é de responsabilidade do mesmo o treinamento de toda a equipe de produção (SILVA, 2002).

Por isso, no exercício de suas atribuições em Unidades de Alimentação e Nutrição o Economista Doméstico deve planejar, organizar, dirigir, supervisionar e avaliar os serviços de alimentação e nutrição, além de realizar assistência e educação nutricional a coletividade ou indivíduos sadios ou enfermos em instituições públicas e privadas. Para realizar tais atribuições dentro de uma UAN, o profissional deverá planejar e supervisionar a execução da adequação de instalações físicas, bem como o dimensionamento da seleção de compra e manutenção dos mesmos; elaborar e avaliar os cardápios, adequando-os ao perfil epidemiológico da clientela atendida; selecionar fornecedores, incluindo compra de alimentos, recebimento e armazenamento dos mesmos; executar os cálculos de valor nutritivo, rendimento e custo das refeições/preparações culinárias, implantando, coordenando e supervisionando as atividades de pré-preparo, preparo, distribuição e transporte de refeições, devendo também coordenar o desenvolvimento de receituários e respectivas fichas técnicas, avaliando periodicamente as preparações culinárias.

O Conselho Federal de Nutrição também prevê que o profissional envolvido em UAN deve estabelecer e implantar procedimentos operacionais padronizados; elaborar e implementar o Manual de Boas Práticas, implantar, coordenar e supervisionar as atividades de higienização de ambientes, veículos de transporte de alimentos, equipamentos e utensílios, executando, desta forma, programas de treinamento, atualização e aperfeiçoamento de colaboradores.

O Economista Doméstico deve, também, promover programas de educação alimentar e nutricional para clientes; detectar e encaminhar ao hierárquico superior e às autoridades competentes, relatórios sobre condições da UAN impeditivas da boa prática profissional e/ou que coloquem em risco a saúde humana.

O profissional deve desenvolver métodos de controle de qualidade de alimentos, em conformidade com a legislação vigente; coordenar e supervisionar métodos de controle de qualidade organoléptica das refeições e/ou preparações, por meio de testes de análise sensorial de alimentos, bem como atividades complementares na UAN: participar do planejamento e gestão dos recursos econômico-financeiros da UAN; implantação e execução de projetos de estrutura física da UAN; implantar e supervisionar o controle periódico das sobras, do resto-ingestão e análise de desperdícios, promovendo a consciência social, ecológica e ambiental.

É função deste profissional a participação da definição do perfil, do recrutamento, da seleção e avaliação de desempenho de colaboradores; o planejamento, supervisão e/ou execução das atividades referentes a informações nutricionais e técnicas de atendimento direto aos clientes/pacientes; participação da execução de eventos, visando à conscientização dos empresários da área e representantes de instituições, quanto à responsabilidade dos mesmos na saúde coletiva.

Pode também realizar atividades como organizar a visitação de clientes às áreas da UAN, realizar e divulgar estudos e pesquisas relacionados à sua área de atuação, promover o intercâmbio técnico-científico; prestar serviços de auditoria, consultoria e assessoria na área, participar do planejamento e execução de programas de treinamento, estágios para alunos de nutrição e educação continuada para profissionais de saúde, desde que sejam preservadas as atribuições privativas do Economista Doméstico.

Conclui-se então a importante responsabilidade da vasta e instigante atuação do Economista Doméstico em unidades de alimentação e nutrição.

Referências

ABERC - Associação Brasileira das Empresas de refeições Coletivas. Manual ABERC de Práticas de Elaboração e Serviço de Refeições para Coletividades. 8 ed. São Paulo, 2002.

ARAÚJO WMC, Cardoso L. Qualidade dos alimentos comercializados no Distrito Federal no período de 1997-2001. Dissertação. Universidade de Brasília, Brasília, 2002.

CARNEIRO, H. Comida e sociedade: uma história da alimentação. Rio de Janeiro: Campus, 2003.

CAVALLI, S. B.; SALAY, E. Segurança do Alimento e Recursos Humanos: estudo exploratório em restaurantes comerciais dos municípios de Campinas, SP e Porto Alegre, RS. Higiene Alimentar, v. 18, n. 126, 2001. p. 29-35.

CONSELHO FEDERAL DE NUTRIÇÃO. Resolução 380/2005. Atribuições do Nutricionista. Disponível em: https://www.cfn.org.br/novosite/pdf/res/2005/res380.pdf. Acesso em: 30 mar.2008.

SILVA Junior, Eneo Alva da. Manual de Controle higiênico-sanitário em alimentos. São Paulo: Editora Varela, 2002. p. 53-85.