Economia Doméstica E As Aulas de Culinária
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Volta ao passado ou solução para o futuro?
Por Raquel Ferreira,
Em tempos idos, as meninas que continuavam estudando depois do colegial tinham aulas de Economia Doméstica: aprendiam a cozinhar, a gerir sobras de refeições e o orçamento doméstico. Enfim, boas práticas para assegurar que futuramente cumpririam o seu papel: o de verdadeiras donas de casa! Mas também as que não estudavam na escola aprendiam com as mães e participavam da vida doméstica. Essas aulas foram abolidas do currículo escolar, até porque hoje as meninas estudam com os meninos e o seu papel na sociedade vai muito além (felizmente) do de dona de casa. Em pleno século XXI, na nossa sociedade desenvolvida e ultramoderna, sobra muito pouco tempo para a preparação de refeições e muito menos para a partilha dessas tarefas com as crianças. Há cada vez mais a idéia de que não vale a pena o esforço e o tempo gasto nessas “tarefas menores” e, para ajudar, surgem nos hipermercados um crescente número de opções de “pratos-prontos”, produtos invariavelmente ricos em gorduras e açúcares. Em pleno século XXI, a luta contra a obesidade assume-se com uma das principais prioridades em termos de saúde. Mais da metade da população brasileira adulta tem problemas ligados ao peso. Um terço das crianças também. A prevenção deve assentar na promoção de estilos de vida saudáveis, ou seja, uma alimentação equilibrada e prática de atividade física. Até aqui todos de acordo! Mas como potenciar essa alimentação saudável se a preparação e a confecção dos alimentos é uma responsabilidade cada vez menor do indivíduo? Urge então perguntar: não deveriam os nossos estudantes (meninos e meninas) ter aulas de culinária? Tratar-se-ia de um enriquecimento curricular que talvez colhesse frutos no futuro. O saber fazer, para além do mero conhecimento teórico, é uma forma bem mais eficaz de contornar os problemas. A Inglaterra já se adiantou: os alunos entre os 11 e os 14 anos passarão a ter aulas obrigatórias de culinária. E aqui no Brasil? O que faremos? O que proporemos? Fica o alerta e a sugestão às escolas, aos professores, às associações de pais, as autarquias e ao governo. Construir um adulto responsável integralmente e autônomo e todos os aspectos do que ocorre ao seu redor é mais fácil do que tentar des-construir hábitos errôneos e impregnados nele. |